Admiro-te pelas pretensões. Pela coragem. Não é qualquer um que tem a ousadia de invadir a casa do inimigo em uma data especial para acabar com as comemorações. Tu invadiste. Dou-te este crédito. Mas deu a lógica, querido rival. Novamente, pela segunda vez neste ano, foi revelado o abismo existente entre nós dois. Tu, perdido, acuado, sem saber o que fazer. Eu, soberano, com o controle não apenas dos meus movimentos, mas dos teus também.
Admiro-te, mas pergunto: como ousas querer destruir minha celebração? De onde tiraste a empáfia que te deu ânimo para trespassar meus domínios e tentar desonrar-me diante de meus seguidores? Vejo, nesta atitude, claros sinais de loucura. De demência. De complexo de grandeza injustificado. Aqueles títulos conquistados ano passado não te fizeram bem. Se antes eras humilde, hoje és arrogante. Se antes buscavas crescer, agora já se achas completo.
É uma pena, vizinho. É de lamentar, assim como tu deves ter lamentado que o nosso duelo tenha se realizado um dia após meu aniversário. Juro que não tive culpa. Mas o fato é que tê-lo como adversário no embate de comemoração apenas engrandece minha vitória. E, por conseqüência, diminui tua já pequena força. Reduz a confiança de teu exército desolado.
Poderia ser pior. Regozija-te com o fato de que foram apenas duas batalhas em 2007. Poderia ser diferente se não tivesses sumido de nossa competição regional. Caíste no abismo em Veranópolis escapando de minha lição. Mas não dá pra fugir sempre e no torneio nacional eu te ensinei. Como sempre faço. Plantei discórdia entre os teus. Semeei dúvidas no teu coração. Estampei vergonha naqueles que te seguem. E quer saber? Estou feliz. Isto faz com que eu me sinta bem.
Desejo que este meu novo sucesso sirva de lição. Que tu, mais uma vez, consigas perceber a verdade de nosso relacionamento. Enquanto tu sabias da tua posição, enquanto tinha a consciência de que estou sempre um passo acima, tu cresceste. Ganhaste o mundo. Quando me tratou como menor, sofreste. Quando a ilusão de grandeza nublou tua visão, tu tomaste um golpe atrás de outro. Clareou, mais uma vez, a distância existente entre nós.
Então, estimado co-irmão, cultives mais uma vez a tua humildade. Aceite tua posição de segundo para, quem sabe, um dia, voltar a me enfrentar como igual. Se continuares como está, daqui a pouco terei que achar outro oponente. Porque está começando a ficar sem graça esta história de Gre-Nal.
Por Silvio Pilau
